04/02/2018

ACREDITE SE QUISER: Coerência e convicções

A Fundação Gulbenkian foi criada pelo arménio Calouste, aka Mr. Five per Cent, que lhe deu o nome e lhe deixou como legado precisamente parte dos cinco por cento de participações em petrolíferas, cujos dividendos sustentaram a filantropia artística e científica da fundação que, principalmente no campo da música erudita e, até há uns anos, do bailado, foi nas últimas sete décadas o polo mais importante nessas áreas e por vezes quase o único neste Portugal dos Pequeninos.

Nos últimos dias a Fundação comunicou pela boca da sua presidente que «por uma questão de coerência com as nossas convicções» iria vender a Partex, a holding que agrupa as participações no petróleo. Com grande originalidade a Fundação decidiu vendê-la aos chineses da CEFC que também estão a negociar a compra da maioria do capital das seguradoras Lusitânia e Lusitânia Vida à Associação Mutualista accionista do Montepio Geral, compras que se seguem às participações na EDP, REN, BESI, Fidelidade, Hospitais Luz Saúde, etc., chineses que são quase os únicos que ainda compram as pratas desta nossa família arruinada.

As luminárias ecologistas que compõem a associação Futuro Limpo, de que faz parte o incontornável António Pedro Vasconcelos, celebraram efusivamente o acontecimento e aproveitaram a embalagem para pedir uma audiência ao sensibilizado ministro do Ambiente para o sensibilizarem ainda mais às energias renováveis, sensibilização que, quem sabe, pode passar por aumentar o preço de €74/MWh garantido às eólicas o qual, por agora, é apenas o triplo do garantido pela vizinha Espanha.

Terminada a entrevista ao semanário de reverência, a presidente de consciência regressou a casa no seu BMW Série 7 (CO2 159g/km) aliviada em coerência com as suas convicções.

2 comentários: