Secção Padre Anchieta
Corria o ano de 1554, num certo dia, numa breve parada, após longa, acelerada e extenuante caminhada para Reritiba à frente dos Tupis que lhe carregavam as trouxas, o Padre Anchieta deu-se conta que os índios, sentados sobre as suas tralhas se recusavam a recomeçar. Perguntando-lhes o porquê, explicaram-se os Tupis, com grande soma de pachorra, que na rapidez da caminhada a alma lhes tinha ficado para trás e tinham precisão de esperar por ela.
Vem esta lenda, que inspira a secção, a propósito do nosso primeiro-ministro que descobriu recentemente, após 110 mortos, que a sua pose arrogante não era muito apreciada nestas alturas dramáticas. E foi assim que, inspirado na pose do presidente dos Afectos que tem tido imenso sucesso, resolveu fazer um facelift e iniciar uma peregrinação pelos Cus de Judas ou pelo Portugal Real, como se dizia nos anos 80.
Começou em Pedrógão Grande e continuou pelo distrito de Coimbra a distribuir sorrisos e abraços como este aqui ao lado, a espalhar afectos, a anunciar o maná dos subsídios, a enumerar os milagres que já foram feitos e os que ainda haveriam de ser até ao Natal.
O Semanário de Reverência descreve aqui, com grande soma de pormenores e muita poesia, a descida de Costa até ao Povo prometendo que «o bacalhau já será nas casas».
Infelizmente para os resultados futuros da digressão, Costa não tem o talento do Ti Célinho e, à força de querer parecer outro, pode acabar por não saber quem é, deixar a alma para trás e perder a pouca autenticidade que ainda lhe resta quando se mostra no seu estado natural - a arrogância.
Por tudo isso, ofereço-lhe em quantidades discricionárias chateaubriands (por confundir os Cus de Judas com Lisbolha), pilatos (por ter lavado as mãos das suas responsabilidades pessoais e directas no desastre do combate aos incêndios - recorde-se aqui e aqui) e ignóbeis (pelo postiço dos afectos e dos abraços).
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