«Na festa do Avante de 2015, vários homossexuais foram espancados por seguranças do evento. Um destes homens foi agarrado e atirado para o interior de uma carrinha de apoio à festa. Nessa carrinha, foi insultado ("maricas", "paneleiro de merda", "porco"), humilhado e agredido com pontapés e murros. Até lhe apertaram o pescoço com uma corda. No meio desta humilhação, um dos capangas do PCP teve um momento de caridade e exigiu que se parasse com aquele tratamento propedêutico, visto que a vítima era um "camarada" e não um mero "paneleiro de merda". A resposta do líder do esquadrão de reeducação foi clara: "não há camaradas paneleiros". Esta cena não aconteceu no consultório de Gentil Martins neste fim-de-semana, mas sim na festa do Avante de 2015.
Nesta festa do Avante em particular e ao longo da história do Partido, ocorreram mais casos de homofobia primária e violenta (não é uma mera opinião), mas julgo que este caso chega para ilustrar o meu ponto: este acto de abjecta violência do PCP não gerou nem 10% da comoção coletiva gerada agora pelas declarações de Gentil Martins. Os indignados que agora pedem a cabeça do médico estiveram calados que nem ratinhos de laboratório perante a violência comunista. Se a memória não me falha, só este jornal pegou a sério no tema.
A discrepância dos critérios fala por si. Um partido de esquerda tem direito à violência homofóbica. Um médico católico não tem direito à sua opinião. É como se não existisse uma diferença moral entre um ato e uma palavra. Pior: é como se uma opinião de direita fosse muitíssimo mais grave do que um ato de violência da esquerda. Não é um caso isolado. O alegado "espaço público" português é uma escola de verão do BE ou um prolongamento da Atalaia. Estas ondas de indignação só ocorrem contra pessoas conotadas com a direita, Gentil Martins, Rui Ramos, Jaime Nogueira Pinto, este que vos escreve. Já as pessoas de esquerda podem mentir, insultar e até agredir, estão acima do bem e do mal. Se a cena de violência que descrevi tivesse ocorrido num comício da direita ou numa atividade da igreja, teria caído o Carmo e a Trindade. Como ocorreu no solo sagrado da Atalaia, nada se passou. Nada se passa. Não há, não houve, não haverá camaradas paneleiros.»
«Camaradas paneleiros», Henrique Raposo no Expresso Diário
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