Há um mês meio, escrevi aqui que a convocação de eleições intercalares proporcionaria a Theresa May legitimidade acrescida e estaria a revelar-se uma boa jogada. Muito por culpa dos seus erros políticos (para só citar um, a pirueta com o «dementia tax» do manifesto eleitoral foi um desastre), ajudados pela discrepância entre a pose de estadista e o discurso de firmeza, por um lado, e as tergiversações e as piruetas, por outro, revelou-se uma péssima jogada.
May perdeu a maioria e perdeu a autoridade de que se queria investir para uma negociação dura com a Comissão Europeia. Pela segunda vez em pouco tempo, o Partido Conservador deu outro tiro no pé: o primeiro de Cameron ao prometer o referendo com receio de perder as eleições criou um problema que o eleitorado não sentia como tal e o segundo de May ao querer ganhar força e legitimidade a perdeu.
May não foi a única a perder com estas eleições. Depois de ter ganho o referendo, o UKIP desapareceu do parlamento, Nicola Sturgeon e o SNP afundaram-se literalmente, perdendo quase 40% dos lugares no parlamento, e a facção pró-Europa do Partido Trabalhista irá ser engolida pelos lunáticos de Corbyn que, tendo aumentado 36 lugares e apesar de estarem a 60 da maioria, cantam vitória e dizem-se prontos para governar.
Suspeito que o Brexit vai espoletar uma recomposição das forças políticas do Reino Unido comparável à da Holanda e da França.
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