Diferentemente do que previra Ricardo Costa, não foi preciso que o Presidente americano começasse a tweetar contra a ONU, até porque Trump esteve ocupado com outros tweets, para Guterres se ver em sarilhos. Bastou que a diplomata jordana Rima Khalaf, secretária executiva da Comissão Económica e Social para a Ásia e o Pacífico, publicasse um relatório descrevendo o tratamento de Israel aos palestinos como apartheid. A Comissão dedicada à Ásia e ao Pacífico região onde, como todos sabemos, se situa a Palestina, tem sede em Beirute e inclui, apropriadamente, 18 países árabes entre os quais não há notícia de algum que disponha de um regime democrático.
Perante a reacção americana, Guterres pediu a Rima Khalaf para retirar o relatório alegadamente porque o secretariado da ONU não foi consultado previamente à publicação. Khalaf vitimizou-se pela alegada censura e demitiu-se em protesto. Sem surpresa, a embaixadora americana Nikki R. Haley elogiou Guterres pela sua «decision to distance his good office from it» e o embaixador palestino manifestou a sua admiração pela «principled position in defending principles» da Sr. Khalaf (Fonte: NYT).
Business as usual numa organização onde a maioria dos países membros dispõem de sistemas autocráticos com práticas políticas e sociais que não envergonhariam o apartheid.
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