Paulo Macedo, o novo presidente da Caixa, onde terá um salário de mais de 400 mil euros por ano acrescido de eventuais bónus, pediu ao BCE para manter a sua posição no Millenium BCP, a cujos quadros pertence há mais de 23 anos, argumentando que isso não representaria um conflito de interesses à luz da lei. É claro que o BCE, para quem conflitos de interesses tem outro significado, não foi na conversa e Paulo Macedo vai ter de terminar a relação contratual com o Millenium BCP.
Não vou fulanizar a questão e concluir que Paulo Macedo, um profissional competente, de repente se converteu num chico-esperto e aproveitador. Nada disso. Possivelmente Paulo Macedo, como português genuíno e pouco «estrangeirado», viu a manutenção dessa relação contratual, desse «vínculo», como no luso-juridiquês se diz (e quer dizer imenso, só por si), como algo não só legal mas eticamente aceitável neste país.
E é no eticamente aceitável que está o busílis. Porque se, para uma criatura com o status de Paulo Macedo, não há conflito de interesses nessa acumulação, para o português comum conflito de interesses será uma figura de retórica sem aplicação prática numa lusofonia onde só há conflito de interesses num caso de polícia.
Sem comentários:
Enviar um comentário