02/01/2017

ESTÓRIA E MORAL: Um pastorinho queixa-se do resultado das suas políticas

Estória

[Esta estória pode ser lida como uma espécie de continuação desta avaliação.]

Era uma vez um pastorinho da economia dos amanhãs que cantariam mas não cantaram e, pelos vistos, não cantarão. Chamava-se Nicolau Santos e tinha uma coluna chamada «Cem por Cento» no caderno de Economia do Expresso, onde escrevia coisas que o John Maynard se ressuscitasse lhe diria Nicolau, Sir, you got stuck in the 30s. (O parágrafo anterior é uma espécie de introdução, que já escrevi de outras vezes, aos dislates da criatura)

Desta vez, depois de ter malhado no «discurso punitivo» de Passos Coelho, de ter passado a manteiga nos afectos do presidente dos Afectos e na trialéctica de Costa para compor a geringonça, NS lamenta o que ele chama desajustamento entre oferta e procura, constatando que «este aumento da procura interna está de novo a ser satisfeito pelas importações. E os desequilíbrios que daí acabam por decorrer levaram-nos ao pedido de ajuda internacional».

Se frequentasse o (Im)pertinências, o nosso pastorinho poderia há muito ter percebido os problemas com o modelo do costume aplicado aqui no burgo, se não da primeira vez que sobre ele escrevemos, pelo menos de uma das várias que se seguiram.

Face a esta constatação, o nosso pastorinho, distraidamente, sem se aperceber que acabou de contrariar toda a sua agenda de uma década, recorre ao que é para ele a Senhora de Fátima e exorta «alguém no Governo e no Banco de Portugal que matute nestas questões»

Moral

Um pastorinho compensa a fraqueza das suas ideias com a força da sua fé, que é uma variação minha do “Men are apt to mistake the strength of their feeling for the strength of their argument” de Gladstone.

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