«O que o país precisa não é de mais “conhecimento”, mas sim de utilizar o conhecimento que tem, para não andarmos todos a louvar a “geração mais qualificada de sempre” ao mesmo tempo que produzimos a geração qualificada mais pobre de sempre. No Portugal dos descamisados doutorados, o verdadeiro défice está na classe empresarial e num tecido económico incapaz de absorver dezenas de milhares de trabalhadores qualificados, que rapidamente se tornam sobrequalificados por não terem forma de exercer as profissões para as quais se formaram. É isto que António Costa devia estar a combater. Só que esse combate não se faz com mais Estado, como se fez durante anos, porque já não há dinheiro para isso. Faz-se com mais iniciativa privada e mais sociedade civil – um caminho proibido no seio da coligação que nos governa, para quem um bom investidor é apenas o estádio larvar de um mau patrão. E como há défice de apoio para combater o novo défice, combate-se o velho como se fosse novo. Resolvem-se os verdadeiros problemas do país? Não resolvem. Mas compõem-se bonitas mensagens de Natal.»
Excerto de «A mensagem de Natal de António Costa», João Miguel Tavares no Público
Só uns toscos é que perdem tempo com notas toscas
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