Outros excertos.
Mais um excerto de outra das crónicas, compiladas em «De mal a pior» (D. Quixote), de Vasco Pulido Valente, o último dos queirozianos, não no estilo mas na substância, com a sua visão lúcida, por vezes vitriólica, deste Portugal de mentes pequeninas e elites medíocres.
«Quando se raspa um socialista acaba sempre por se encontrar um tiranete. No meio do espectáculo pouco edificante das prisões de Sócrates, ninguém perdeu tempo a discutir, ou a investigar, o papel do cavalheiro na imprensa e na televisão. Mas nem Mário Soares, no fim, escapou à regra de interferir na política editorial do Diário de Notícias de Mário Mesquita. Para gente tão penetrada da sua virtude e da sua razão a crítica é fundamentalmente um escândalo, que em democracia tem de se aturar - com conta, peso e medida. Os processos para manter a canalha do jornalismo na ordem ou, pelo menos, numa ordem tolerável, são vários: a compra, a rápida promoção para a vacuidade, urna ou outra ameaça e, se nada disto der resultado, a calúnia e o despedimento das cabecinhas que persistem em "pensar mal". »
Raspar um socialista…, 19-09-2015
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