«Hillary Clinton não foi a maior derrotada na madrugada de quarta-feira. À frente dela estão as empresas de sondagens. E à frente das empresas de sondagens estão os jornais, as televisões (a certa altura, até a Fox News se afastou de Trump), e basicamente todos nós, que trabalhamos na comunicação social.
(...) Os jornalistas gostam de olhar para si próprios como um contrapoder, mas frequentam os mesmos restaurantes dos políticos, vivem no mesmo ecossistema, usam os mesmos talheres. E dentro desse quadro mental – que também é o meu – não havia forma de Donald Trump vencer as eleições depois de tudo aquilo que disse e fez.
(...) O problema é que 50% dos eleitores americanos não só estavam fora desse quadro mental liberal, qualificado e endinheirado, como o odiavam profundamente. Trump nunca se cansou de repetir que o sistema estava viciado e que a comunicação social comungava do vício. A mensagem passou: 60 milhões de americanos ignoraram olimpicamente tudo o que viram, leram e ouviram ao longo de ano e meio. Não admira o ar de defunto da comunicação social. No dia 8 de Novembro de 2016 ocorreu uma espectacular derrota do jornalismo.»
Do “fuck it!” ao “what the fuck?!?”, João Miguel Tavares no Público
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