Outras avarias da geringonça.
Lembram-se do IMI Mortágua, aquele que iria retirar aos ricos para dar aos pobres? Dependendo dos esquemas adoptados um grupo económico pode chegar até a não pagar IMI nenhum (ver aqui como).
A semana que passou foi de grande excitação no seio da geringonça com a Web Summit. Como escreveu o Impertinente, foi «excelente termos 50 mil forasteiros, com um razoável poder de compra, durante quatro dias em Lisboa a lotarem os hotéis, os restaurantes e os bares e a gastarem umas dezenas de milhões de euros». Quanto ao resto é do domínio da ilusão sempre presente nas mentes lusitanas de que todos os nossos problemas, neste caso o atraso tecnológico e a falta de ímpetos inovadores, se resolve com quick fixes.
Continuando a saga da nomeação de boys for the jobs, o governo decidiu nomear o novo conselho directivo da ADSE passando ao lado dos concursos da CRESAP. Enfim, fica tudo mais claro do que mandar uma lista para a CRESAP com os nomes dos apparatchiks.
Apesar de toda a boa-vontade de Bruxelas, nada interessada em somar pequenas encrencas com países periféricos às grandes encrencas que já tem de defrontar, sempre vai dizendo que as fantasias crescimentistas de Costa, mesmo reduzidas à sua expressão mais simples, são irrealizáveis. Foi assim que reduziu as estimativas de crescimento da economia portuguesa dos 1,5% previstos por Centeno para 1,2% em 2017 e aumentou a previsão do défice dos 1,8% do governo para 2,4%. Onde param as previsões dos doze sábios em «Uma década para Portugal» de um crescimento de 3,1% em 2017? Em lado nenhum - foi censurada pelo PS e o documento apagado do seu site.
Perante a promessa de Centeno no parlamento de discutir os juros, Dijsselbloem fez questão de dizer «não discutimos, nem vamos discutir, porque Portugal é capaz de gerir a sua própria dívida». Capaz não será, mas tomamos nota que o Eurogrupo não estará para aí voltado. Entretanto, nas catacumbas da geringonça, aquele rapaz que há 5 anos punha as pernas dos banqueiros alemães a tremer e é hoje secretário de Estado produziu um despacho (via 4R) a criar um grupo de trabalho «para acompanhamento da evolução da dívida pública e da dívida externa», fazendo as vezes de Centeno que já deve ter recebido a guia de marcha.
Bem pode o camarada Jerónimo bramar contra a «submissão» do Governo a Bruxelas. Ele deveria saber que sem essa submissão não escorre mais dinheiro para a geringonça e sem dinheiro a geringonça desmantela-se em dois tempos e sem geringonça os sindicatos murcham rapidamente e com sindicatos murchos o PCP converte-se num mausoléu de múmias.
Para ajudar ao atascanço em que a geringonça está a deixar a economia o índice de custo do trabalho (ICT) aumentou 3,6% no 3.º trimestre em relação ao período homólogo de 2015. Sem surpresa, o ICT do sector privado aumentou 0,7% e o dos utentes da vaca marsupial pública pulou 7,1%. No conjunto, o custo médio por trabalhador aumentou 3,4% e o número de horas efectivamente trabalhadas por trabalhador diminuiu 3,6%. É claro que a produtividade voltou a baixar afundando mais um pouco a competitividade da economia. É o caminho para o desastre.
Para consolidar o desastre em construção, nada melhor do que não reduzir um único dos 10 mil funcionários públicos que o governo estava comprometido com Bruxelas e integrar na função pública os 110 mil contratados a prazo, os «precários» segundo o newspeak sóciocomunoberloquista.
Quanto ao folhetim Caixa, para não me repetir, remeto para estes posts e cito Vasco Pulido Valente: «como querem estes senhores que os levem a sério, quando um governo normal e um Presidente normal teriam tratado do assunto em meia dúzia de dias».
Desastre? Nem pensar, diria Costa porque as notícias são boas e para a semana ainda serão melhores. Como dizia o outro: de vitória em vitória até à derrota final.
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