06/11/2016

A mentira como política oficial (25) - «Atirar areia para a cara das pessoas» (II)

Continuação de (1)

Não é que seja indiferente saber se António Domingues mentiu ou não ao garantir que preparou o plano estratégico da Caixa, vários meses antes de ser nomeado, sem ter tido acesso informação privilegiada só com a informação pública, mas só interessa para saber se Domingues é simplesmente mentiroso – a hipótese mais benigna – ou um impostor.

Mais importante do que isso é saber como é que, baseado na informação pública, Domingues concluiu que a Caixa precisaria de 5 mil milhões de euros quando o relatório de 2015 da anterior administração, certificado pelo ROC Deloitte, não refere qualquer necessidade de capital e a administração cessante depois de um mandato de 5 anos, com acesso a toda a informação que Domingues não terá tão cedo, informou a tutela que bastariam 800 a 1.200 mil milhões de euros.

E importante é também ainda saber como é que o governo aceitou tal conclusão, dispondo-se a extorquir 5 mil milhões aos sujeitos passivos, e passou rapidamente a questões de intendência, como tentar convencer a CE a não considerar o aumento de capital para efeitos do défice, como se isso diminuísse as necessidades de endividamento, ou como nomear um pelotão de luminárias proposto por Domingues para a administração, passando pela vergonha do BCE despedir logo meia dúzia e mandar estudar dois dos restantes, ou ainda a masturbar-se há mais de um mês com a divulgação da situação patrimonial dos nomeados.

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