Isto demonstra que o sindicalismo português é pura encenação. Já toda a gente sabia que a CGTP era menos uma agremiação de sindicatos do que um braço político do PCP, mas agora está demonstrado para além de qualquer dúvida razoável. Quando o governo voltar a ser de direita e os sindicatos voltarem a sair à rua, iremos todos lembrar-nos da sabática do senhor Mário Nogueira, o homem que no seu monopólio sindical nunca vai à 5 de Outubro sem passar primeiro pela Soeiro Pereira Gomes.
A segunda lição a tirar daqui é para a comunicação social portuguesa e para o seu estado de dependência das fontes institucionais, sejam elas gabinetes ministeriais, agências de comunicação ou sindicatos. O alinhamento do Telejornal não pode estar dependente das iniciativas da Fenprof: se Mário Nogueira fala as escolas estão mal, se ele está calado as escolas estão bem. É mais do que tempo de os media começarem a sair para a rua e definir a sua própria agenda, deixando para o Avante! a agenda do PCP.»
«O desaparecimento de Mário Nogueira», João Miguel Tavares no Público
Nota:
É claro que João Miguel Tavares como jornalista não pode retirar (poder, poderia mas está provavelmente acima das suas posses) do que escreve as óbvias conclusões: não se trata dos mídia portugueses dependerem de fontes institucionais, como se viu, se vê e se verá cada vez que a esquerda não está presente no governo; trata-se de uma dependência dos partidos de esquerda e do jornalismo de causas, um fenómeno que em abstracto também se colocaria com os partidos de direita mas que, por razões históricas e da infiltração das redacções, na verdade só tem consequências relevantes com a esquerda.
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