Começa aqui uma nova série de posts com excertos de algumas crónicas, compiladas em «De mal a pior» (D. Quixote), de Vasco Pulido Valente, o último dos queirozianos, não no estilo mas na substância, com a sua visão lúcida, por vezes vitriólica, deste Portugal de mentes pequeninas e elites medíocres.
«Desde 1974 que os portugueses são sistematicamente deseducados pelos políticos. Do paraíso igualitário do PREC e do "homem novo" de Cavaco à insana liberalidade de Guterres, sempre lhes prometeram uma vida melhor - uma vida cada vez melhor, mais próspera, mais tolerante, mais segura. E os portugueses, na sua habitual inconsciência, acreditaram. Verdade que o Ocidente inteiro, animado pelo crescimento contínuo, ou quase contínuo, de quase 20 anos também acreditou. Até ao momento em que se constatou com espanto e com terror que não existia dinheiro para esse milagre. A crise internacional (que não por acaso começou no mercado imobiliário americano) é como a nacional uma crise de expectativas: a simples descoberta da diferença entre o que as pessoas desejavam e os meios que tinham, entre o que ganhavam e o que gastavam.»
«A grande ilusão», 27-03-2010
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