Outras marteladas.
«O papel dos Bancos Centrais é fundamental na estabilidade financeira de um Estado. Têm uma missão clara. Mas o que se observa hoje é algo nunca antes visto.
Os principais Bancos Centrais passaram, nos últimos anos, a controlar, ou melhor, a manipular os mercados financeiros. Com um justificativo de evitar um possível cenário de deflação e com o objectivo de reverter essa tendência e aproximar o valor taxa de inflação a 2%, implementaram uma política monetária de taxas de juro 0 ou mesmo negativas e o Quantitative Easing (QE).
No meu último artigo referi que estas políticas monetárias implicaram uma sobrevalorização generalizada dos activos financeiros, como consequência dos investidores procurarem retornos em activos de elevado risco que hoje já não conseguem obter em activos de menor risco.
Neste artigo gostaria de evidenciar que há outra consequência desastrosa destas políticas monetárias implementadas pelos principais Bancos Centrais. Além de não terem atingido o seu objectivo principal, ou seja, aproximar a taxa de inflação a 2%, não ajudaram, certamente, no crecimento económico. Bem pelo contrário, afirmaria mesmo que a estagnação ou fraco crescimento das principais economias é o resultado das políticas monetárias implementadas pelos seus Bancos Centrais.
Ao contrário do que se pensa, estas políticas monetárias não estimulam as economias, antes distorcem os mercados de crédito, visto a brutal injecção de capital barato verificada nos últimos anos só beneficiar os players que têm acesso aos mercados obrigacionistas. Assim, as políticas de QE fornecem crédito fácil e barato aos Estados e às grandes empresas mas não chegam às pequenas e médias empresas (PME) ou às startups, que são absolutamente essenciais na inovação e criação de emprego e, portanto no crescimento económico.»
«Os Bancos Centrais e a estagnação da economia», Tiago Moreira Salgado no Económico
Não é todos dias que se encontra na nossa imprensa uma posição lúcida contrariando a vulgata das políticas monetárias virtuosas do alívio quantitativo e dos juros nulos ou negativos. Felizmente vão-se ouvindo cada vez mais vozes e cada vez mais alto contra o intervencionismo dos bancos centrais alegadamente para espevitar a economia.
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