10/09/2016

Encalhados numa ruga do contínuo espaço-tempo (69) – Não esquecem nada e não aprendem nada

António Champalimaud foi um capitão da indústria, como então se chamava, que lançou a siderurgia e as maiores fábricas de cimento em Portugal e Angola e controlava vários bancos e seguradoras e criou a sétima maior fortuna da Europa na década de 70. As suas empresas foram expropriadas em Março de 1975 na sequência do PREC e o homem foi para o Brasil onde lançou novas iniciativas e reconstruiu a sua fortuna.

Voltou em 1992 a Portugal, readquiriu a seguradora Mundial e vários bancos, incluindo o Totta, que vendeu alguns anos depois, quando a cegueira progrediu impedindo-o de acompanhar directamente os seus negócios. Deixou um legado de 500 milhões de euros para a criação da fundação Champalimaud. Pouco antes da sua morte o presidente da República de então, Jorge Sampaio – um socialista que, recorde-se, foi secretário-geral do PS -, atribuiu-lhe em Abril de 2004 a Ordem da Liberdade que não chegou a receber por ter falecido entretanto.

Doze anos depois, o presidente em exercício, Marcelo Rebelo de Sousa, decidiu condecorá-lo a título póstumo. O PCP opôs-se à «reabilitação de alguém que acumulou uma fortuna colossal assente nas benesses do Estado, na brutal exploração do povo português e dos povos das colónias à custa de negócios obscuros, de um dos monopolistas que foi esteio do regime fascista». O BE opôs-se igualmente porque Champalimaud «nas vésperas do 25 de abril, era o capitalista mais rico de Portugal. Voltou a sê-lo depois, pela mão das privatizações cavaquistas. Sempre à sombra do Estado que agora lhe medalha os méritos».

Comunistas e bloquistas, os herdeiros das várias seitas marxistas (estalinismo, trotskismo e maoísmo, entre outras), mantêm o propósito que sempre tiveram: acabar com os ricos. Oloff Palm disse um dia, durante o PREC, a Otelo Saraiva de Carvalho, um militar com o mesmo propósito e as meninges contaminadas por uma mistura de tantos ismos que ficou perdido para sempre, que o propósito deveria ser acabar com os pobres.

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