Quem disse tal coisa não foi um sujeito frustrado que, por erros seus, má fortuna, se ficou pela quarta classe. Quem disse, em entrevista ao jornal SOL, foi Jorge Calado, uma luminária licenciada em engenharia química pelo IST, doutorado em Oxford, professor na universidade de Cornell (Cornell nos EUA e não Cornwell no RU), melómano, fotógrafo amador, colunista habitual do Expresso, entre outras coisas. Ele deve saber do que fala.
É claro que há várias razões para isso, a principal das quais é a banalização dos graus académicos que no caso português foi agravada pelo processo de Bolonha que visava permitir aos jovens universitários chegar mais cedo ao mercado de trabalho mas na sua aplicação às universidades portugueses perdeu-se pelo caminho o grau de bacharelato, muitas licenciaturas encolheram para 3 ou 4 anos e nas equivalências das que já tinham 4 ou 5 anos conseguiu-se em muitas universidades uma equivalência ao mestrado com umas cadeirinhas suplementares ad hoc. Com este processo de Bolonha à portuguesa, filho ilegítimo das obsessões harmonizadoras da UE e da chico-esperteza nacional, bacharéis são promovidos a licenciados, licenciados são promovidos a mestres e, já agora, os mestres serão promovidos a doutores e os doutores ambicionam um pós-doc.
Declaração de interesse: apesar de erros meus, má fortuna, fiz uma licenciatura nos tempos do fascismo (enquanto trabalhava para me sustentar e à família) e suspeito que Jorge Calado é bem capaz de estar (quase) certo.
Conheço bem Jorge Calado. É um homem muito culto e sabedor. Um pobre que fez o Liceu e o Técnico com média de 19 ou de 20. Um homem sensato e de grande comprensão pelas limitações das gentes.
ResponderEliminarEle tem razão, brincando.