«Vivemos anos com problemas sociais terríveis. Lembro apenas alguns: havia emigrantes a fugir da nossa miséria; havia crianças a chegar à escola em jejum; havia filas de espera para a 'sopa dos pobres'; havia cada vez mais sem-abrigo; havia desempregados de longa duração que viviam desesperados.
Curiosamente, esses problemas sociais terríveis evaporaram-se do espaço mediático. Não creio que se tenham evaporado da realidade do país, nem sequer posso exigir a este ou a qualquer outro Governo que em escassos meses extinguisse problemas dessa dimensão. Mas é precisamente este facto que me faz pensar. Se eles continuam, por que motivo não se fala deles hoje em dia?
Haverá várias justificações, certamente. Mas preocupante, em particular, que este tipo de noticiário esteja mais sujeito às agendas de prioridades partidárias do que à iniciativa da própria comunicação social. Dito de modo mais simples: desde que o BE e o PCP passaram a apoiar um Governo deixaram de municiar a comunicação social com os pungentes casos humanos. Ou, então, os jornalistas que acompanham estas questões sociais entendem que, com este Governo, não vale a pena falar de certos assuntos. Seja a resposta qual for, não é muito abonatória para os jornalistas. Porque de duas uma: ou andamos atrás das agendas partidárias e não termos uma agenda própria; ou temos uma agenda própria que está alinhada com determinados partidos.»
Henrique Monteiro, no Expresso
Se a pergunta é perfeita, as respostas alternativas nem por isso. Visto de fora, parece mais que os jornalistas de causas (a maioria das criaturas que têm uma carteira de jornalista) têm uma agenda própria que é a agenda de um partido, agenda indeterminado nalguns casos, mas sempre determinável.
Conhecendo alguns jornalistas, penso que há uma lenda, que lhes atribuiu, umas capacidades que manifestamente são exageradas. São muitas das vezes uns cretinos que reescrevem umas coisas.
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