Outras avarias da geringonça.
Multiplicam-se os avisos à navegação da geringonça. Desta vez foi Maurice Obstfeld, o economista chefe do FMI, que aponta os níveis de crédito malparado de Portugal como uma séria ameaça à estabilidade financeira e à retoma.
E, por falar em ameaças, uma das maiores será a possível revisão pela DBRS da única notação de investimento não especulativo de que o Estado Português dispõe que, se for revisto, terminará com as compras de dívida pública pelo BCE, fazendo-nos depender totalmente dos mercados com estes a olharem para nós com cada vez mais desconfiança. O Barclays, por exemplo, duvida «se Portugal é capaz de resolver os problemas sem a ajuda de um novo programa» de resgate. O Barclays não está sozinho - leia-se aqui uma espécie de anúncio do «novo colapso»
Continua a saga das sanções, com a geringonça a tentar fazer passar a ideia de que, se as houver, se devem aos défices do passado, apesar de recorrentemente a CE insistir na apresentação de medidas de correcção (e ameaçar com congelamento dos fundos estruturais) que, evidentemente, não se referem aos défices passados mas ao défice de 2016 que ninguém acredita seja cumprido. E, também, apesar de o défice de 2015, sem o apoio ao sistema financeiro, ter ficado em 2,8% abaixo do objectivo, como o Eurostat já validou. Para uma explicação fundamentada ver este post do Insurgente,
Quanto ao défice de 2016, cujo cumprimento ninguém acredita, a CE parece querer mandar uns fiscais espiolharem as contas. Faz muito bem, porque se avolumam as suspeitas da geringonça estar a tirar partido do know-how instalado pelos governos Sócrates para ajeitar as contas (veja-se o adiamento da publicação da síntese da execução orçamental e os avisos da UTAO), enfiando por baixo do tapete despesas cujo pagamento vem sendo adiado, tapete de onde sairão mais tarde em correcção dos défices, como aconteceu no passado - veja-se a série «SERVIÇO PÚBLICO: o défice de memória» .
Outra das sagas da geringonça é a da Caixa. Soube-se agora, várias semanas depois, do pedido de demissão a administração em exercício, continuando a nova em trabalhos de parto, correndo o risco de abortar porque alguns dos administradores indigitados, como Leonor Beleza, podem não ser aceites pelo BCE.
O episódio do referendo a não sabe o quê de Catarina Martins no Congresso do BE, marcou o fim da viagem de núpcias do BE e do PCP, com os apparatchiks deste último a zurzirem nos berloquistas - ver a troca de galhardetes entre o tele-evangelistas e António Filipe.
Fecho a crónica desta semana com uma referência ao aproveitamento desavergonhado da vitória da selecção no Euro 2016 pelos irmãos siameses Costa-Marcelo.
Eu, que sou um zé ninguém teria vergonha de fazer a figura triste que o dão sebastião Costa e o seu escudeiro Marcelo fizeram com o euro. Pago o falcão do meu bolso? ridículo
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