Outras marteladas.
Lembram-se como aparentemente tudo começou na crise de subprime nos Estados Unidos que foi o início de uma crise muito mais vasta que atingiu a maioria dos países? Escrevi aparentemente porque a crise do subprime foi ela própria o resultado de uma bolha de crédito criada pelas taxas de juro artificialmente baixas e por oceanos de liquidez na economia americana provenientes da poupança chinesa. Pois bem, há vários sinais que as politicas da Fed de juros baixos e quantitative easing estão a forjar a nova crise imobiliária. Começam a ser visíveis os sinais. Leia-se este artigo do MarketWatch com um título assaz significativo: «The seeds of the next housing crisis have already been planted».
Em relação às taxas nulas ou negativas de alguns bancos centrais (Fed, BoE, ECB, BoJ), escreve Satyajit Das que é uma «travessia do Rubicão, .. uma experiência de alto risco ... A intenção é clara: reduzir a dívida pelo confisco e transferência da riqueza dos aforradores para os devedores. Isto é, em última análise uma admissão do falhanço dos meios tradicionais de manter sob controle a dívida excessiva».
Bill Gross, o lendário gestor de fundos de obrigações no Janus Capital Group, não é menos crítico e comparou recentemente num investment outlook as taxas de juros negativas dos bancos centrais ao paradoxo de Zenão.
Howard Davies, economista especialista na regulação financeira e actual presidente do Royal Bank of Scotland questiona-se sobre se os bancos centrais não foram demasiado longe e não terão demasiado poder.
Parece bem que se questionem e coloquem em dúvida a panaceia das taxas de juro negativas e do alívio quantitativo, mas suspeito que pode ser demasiado tarde.
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