Não vale a pena lembrarem-me que a falta de coerência, isto é a incompatibilidade entre as ideias e as práticas, não significa que as ideias que se defendem sejam boas ou más ou estejam certas ou erradas. A incoerência não diz muito sobre as ideias, diz imenso sobre as pessoas incoerentes.
Uma das áreas onde essa incoerência se manifesta frequentemente é no que respeita ao ensino. Se em tipos de direita a preferência pelo ensino privado não é surpreendente, já na esquerdalhada o convívio pacífico frequente da defesa ruidosa da «escola pública», como lhe chamam, e do ataque pertinaz às escolas privadas, com a matrícula dos filhos nas escolas privadas é no mínimo eticamente censurável, na medida em que significa que escolhem para os seus próprios filhos o que não recomendam para os filhos dos outros.
Alguns exemplos resultantes de uma pesquisa minimalista de políticos da esquerdalhada que defendem tenazmente as escolas públicas e matriculam ou matricularam um ou mais filhos nas escolas privadas: José Sócrates, toda a família Soares, António Costa, Miguel Portas, sem esquecer o caso mais recente de Alexandra Leitão, actual secretária de Estado Adjunta e da Educação, defensora feroz do fim dos contratos de associação, que com grande lata declarou que as suas filhas «por acaso não estudam» numa escola pública (ler a este respeito este artigo de Helena Matos e em geral ler este de Paulo Simões Lopes sobre a hipocrisia da esquerda).
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