Continuação deste, deste e deste posts.
Já era bastante extraordinário que depois do presidente Marcelo ter apoiado o governo «na tarefa de defender a Caixa como instituição de controlo público», perante um inquérito do Parlamento - a mais alta instituição de controlo da República – o mesmo presidente que fala pelos cotovelos sobre tudo e mais alguma coisa ter optado pelo silêncio, o PS ter considerado o inquérito «grave e irresponsável» e o PCP ter-se oposto porque seria «criar a ilusão que o banco público é igual aos bancos privados».
Não me admiro que José Sócrates, Armando Vara, Berardo, Ricardo Salgado e Nuno Vasconcelos repudiem um inquérito que possa revelar quem foi quem e fez o quê na instrumentalização da Caixa.
Parece-me extraordinário dois antigos ministros das Finanças que tutelaram a Caixa considerarem essa iniciativa «inoportuna» (Ferreira Leite), quando a Caixa tem agora a oportunidade de receber mais 4 mil milhões de euros, cuja necessidade ainda ninguém explicou, ou «atirar de lama [e] minar a confiança dos portugueses no sistema financeiro» (Bagão Félix), quando a Caixa está submersa na lama e a confiança dos portugueses no sistema financeiro se evaporou, e quando é conhecido que o crédito de risco da Caixa atinge 8,2 mil milhões (11,5% do crédito total) e 2,3 mil milhões são malparados e, desses, quase mil milhões se concentram em nove maiores devedores, incluindo os grupos Espírito Santo, Lena e Efacec e o angolano António Mosquito.
Valha-nos o BCE e a CE, que parece irão exigir uma auditoria antes de autorizarem o pedido de recapitalização. É por estas razões, e por muitas outras, que, apesar de desconfiar da bondade de uma união política, espero que as instituições europeias coloquem um travão às veleidades ditadas pela negligência, a incompetência, a cobardia e a desonestidade das elites indígenas.
Recordando outra vez, a propósito, o lema:
«Os cidadãos deste país não devem ter memória curta e deixar branquear as responsabilidades destas elites merdosas que nos têm desgovernado e pretendem ressuscitar purificadas das suas asneiras, incompetências e cobardias.»
Apoiado Impertinencias
ResponderEliminar