Há quem pense que não, por razões ponderáveis. É o caso de Gideon Rachman, chief foreign affairs commentator do Financial Times, no artigo com um título que diz tudo: «I do not believe that Brexit will happen».
Primeiro, porque no passado houve segundos referendos que alteram o resultado dos primeiros. Em 1992 os dinamarqueses rejeitaram o tratado de Maastricht e os irlandeses rejeitaram o tratado de Nice em 2001 e o de Lisboa em 2008. Seguiram-se negociações com algumas concessões e repetiram-se os referendos que aceitaram os tratados.
Segundo, Boris Johnson, um dos líderes da companha Brexit e candidato a substituir Cameron, que conhece bem os corredores de Bruxelas, deixou implícito que o Brexit poderia ser apenas um argumento negocial mais forte «because all EU history shows that they only really listen to a population when it says No».
Terceiro, do outro lado, Wolfgang Schäuble falou num estatuto de «associado», do qual aliás o RU está próximo já que não adoptou o euro nem aderiu à zona Schengen.
E porque deverá a UE dar-se à maçada de negociar um estatuto especial para o RU, por exemplo no que respeita à limitação dos imigrantes e refugiados? Gideon Rachman responde: «the British are valuable members of the EU. The UK is a big contributor to the budget and it is a serious military and diplomatic power».
Tendo a concordar, sobretudo com a parte do serious military power, numa UE em que, além do RU, só França pode ser levada a sério por uma Rússia cada vez mais agressiva e por uns EU cada vez mais concentrados na Ásia.
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ResponderEliminarAinda fazem parte da NATO...
ResponderEliminarConcordando com as vossas notas lembro:
ResponderEliminar• Desde há séculos que os ingleses combatem, directa ou indirectamente, as nações que dominam o continente: França, Espanha, Principados Germânicos, Áustria, Alemanha.
• Aliaram-se a Portugal por sermos um espinho cravado em Castela. O alibi foi negócios de pescas. Foram nossos conselheiros militares com D. João I e com D. João IV.
• Na 2a GG após a Alemanha ter engolido a França, aliaram-se à Rússia.
• Agora vão "encanar a perna à rã" até à implosão da EU ou à III GG.
Reparem que a Inglaterra é a entidade com maior experiência política eficaz na Europa. Segundo lugar para a Rússia, acho eu.
Ainda não li nada sobre a hipótese de haver manobras inglesas «to frame» França e Alemanha? Saíssem ou ficassem, "teriam um pé" para negociar tudo o que achassem por bem. Vejam a esperada satisfação da Rússia com o centro da Europa armadilhado...
«We are europeans but we are not continentals», they said.
ResponderEliminarDificil saber o que se vai passar. Existem muitas vozes para não avançar com o Brexit (afinal o poder continua no Parlamento e o refereno foi consultivo, não vinculativo).
Mas não tenho a certeza que a saída do Reino (des)Unido não sirva bem os interesses federalistas da Alemanha. Outro exemplo: Se a City perder peso, quem ganhará? Por certo Frankfurt.
Quanto ao argumento militar: sim, são os únicos com um exército capaz (os franceses até podem ter um, desde que não faça greve às segundas nos dias de guerra), mas alguém acredita que ele defenderá a Europa? Defenderá isso sim o Reino (des)Unido.
Agent Provocateur