Escrevi aqui a propósito da ronda de Outubro das conversações sobre a Transatlantic Trade and Investment Partnership (TTIP) entre os EU e a União Europeia ser muito duvidoso viessem a mostrar progressos significativos, os quais ainda não se verificaram depois de dois anos.
Confirmou-se que a ronda de Outubro não mostrou esses progressos e a seguinte, terminada a semana passada em NY, também não, para além de alguns cortes nas tarifas e acordos em temas técnicos como o reconhecimento mútuo de padrões de segurança. Permanecem os principais pontos de divergência. Para a UE o mais importante é o livre acesso aos concursos de obras públicas americanas e para os Estados Unidos importa sobretudo o livre acesso aos mercados agrícolas europeus superprotegidos.
No próximo Outono continuará a ronda seguinte, mas o clima social para o comércio livre é cada vez menos favorável do lado da UE e piorou nos últimos dias com a divulgação pelo site www.ttip-leaks.org de uma parte «secreta» do texto do acordo. O «secretismo» foi objecto de grandes ondas de indignação, como se uma negociação diplomática pudesse ser feita em directo na televisão - é o triunfo da demagogia sobre a democracia. (*)
Do lado americano todos os candidatos de Sanders a Trump, passando por Clinton, têm feito promessas de «proteger» o mercado interno e os empregos, o que não augura grande vontade negocial quando se sabe que a maioria republicana, quer no Senado e na Câmara dos Representantes, não é favorável à liberalização do comércio.
Se as negociações EU-UE falharem e o Tratado de Livre Comércio Trans-Pacífico (TPP) já negociado for ratificado é mais um passo para os EU se afastarem ainda mais e a deixarem Europa (mal) entregue a si própria e mais vulnerável às chantagens da Rússia de Putin.
Continua a ser mais um exemplo de corporativismo.
(*) Aditamento:
A propósito da parte secreta, leia-se o rídiculo relatado por Vital Moreira do «segredo de polichinelo»
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