Foi em Fevereiro de 2012 no auge da «austeridade» a primeira vez que convidaram Paul Krugman, o prémio Nobel da Economia que já foi economista no passado e hoje é um comentador do NYT, na esperança de obter a sua bênção para as teses keynesianas que em Portugal a esquerdalhada tem esperança lhe proporcionem o suporte teórico para o estatismo e dirigismo que encharcam as suas meninges.
A coisa não correu bem porque a criatura roeu a corda e, com grande desgosto da esquerdalhada e enorme decepção do Dr. Soares, acabou a dizer: «eu realmente tenho dificuldade em dar conselho ao Governo português. Aliás, detesto dizê-lo, mas não faria as coisas de forma muito diferente daquilo que está a ser feito agora.»
Da segunda vez, em meados de Dezembro do ano passado, em que foi convidado a pretexto da homenagem de Silva Lopes, a coisa não correu melhor e Krugman disse coisas como: o aumento do salário mínimo em Portugal é «problemático» dada a baixa produtividade, que, ao contrário da Grécia, o país não ficou numa «situação tão desesperada», que «nunca iria sugerir que Portugal saísse do euro» e, cúmulo do desaforo, que «o novo Governo não pode fazer muito diferente do anterior» e «deve focar-se no investimento».
Como não há duas sem três, passados cinco meses a criatura voltou a ser convidada. Desta vez, a minha dotação de pachorra para estas coisas estava esgotada e por isso vou dar a palavra ao director do Expresso, ele próprio um admirador de Krugman, que no editorial de sábado passado escreveu:
«Paul Krugman esteve em Portugal e deixou uma frase e quatro recados. A frase: "Portugal? Não é um desastre completo, é só muito mau". Os recados: 1) a margem de manobra para o país é muito escassa; 2) o Governo faz bem em aproveitar essa margem para aliviar a austeridade e diminuir a dor social; 3) não estamos em posição de lançar um programa de estímulo orçamental; 4) a nossa recuperação passa sobretudo por mudanças nas políticas alemãs. E se o Nobel da Economia o diz, é porque deve ser verdade.»Uma vez mais, o homem não disse o que se esperava dissesse. Em particular, sem dar por isso, com o terceiro «recado» arrumou as ilusões da geringonça no que respeita a estimular o crescimento com dinheiros públicos. Com o quarto «recado», se a geringonça o tomasse à letra, Costa deveria ir em romagem a Berlim arrastando pelas mãos Jerónimo e Catarina.
Foi outra decepção.
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