24/05/2016

Estado empreendedor (100) – Controlo público, disse ele (continuação)

Em retrospectiva (actualizada com os resultados de 2015):

«Marcelo apoia Governo na tarefa de defender Caixa como “instituição de controlo público"»


Prejuízos acumulados entre 2008 e 2015: -2,5 mil milhões de euros
Note-se que o facto de em 2015 de os prejuízos se terem transformado num pequeno lucro de 12 milhões, que para a dimensão das contas da Caixa é a mesma coisa que um prejuízo de montante parecido, e uma vez que a margem financeira apenas aumentou de 65 milhões, a melhoria dos resultados deve-se ao acréscimo no exercício do montante das provisões e imparidades se ter reduzido em mais de 700 milhões, milagre de que seria prudente duvidar.

Últimos desenvolvimentos:

«Caixa. Governo aceita injeção pública de quatro mil milhões de euros»


Há quem defenda a privatização da Caixa e há quem se indigne com a torrefacção do dinheiro dos sujeitos passivos e exija uma gestão pública de qualidade, esquecendo que governos comunistas, socialistas, sociais-democratas e «neoliberais» garantiram a qualidade de todas as administrações nomeadas nos últimos 42 anos, como o Botas e o padrinho do presidente Marcelo já tinham garantido no passado - melhor garantia, reconheça-se.

Contudo, nem uns nem outros explicam se a Caixa tivesse sido privada ou tivesse uma gestão pública por um híbrido de S. Mateus (o padroeiro dos bancos e das finanças) com um mago banqueiro como o engenheiro Jardim Gonçalves, quem teria sabotado a OPA da Sonae-France Telecom à PT, quem teria acolhido Armando Vara na administração, quem teria financiado o assalto ao BCP via Berardo e a Ongoing (isto é os Espírito Santo), quem teria enterrado 5 mil milhões nas sucursais de Espanha e França, quem deteria 7,5 mil milhões de dívida pública, quem aceitaria amortizar empréstimos com acções valorizadas 25% acima do valor de mercado (Cimpor para Manuel Fino), quem emprestaria dinheiro a José Sócrates para ir estudar para Paris, quem teria financiado projectos inviáveis do complexo político-empresarial socialista, entre muitas outras operações (algumas delas relatadas por estes vossos correspondentes durante mais de uma década - é só fazer uma pesquisa por «Caixa»). E, já agora, quem poderia ter emprestado mais uns milhares de milhões ao GES se não fosse o «neoliberal» Passos Coelho não ter aceite o pedido de Ricardo Salgado para «facilitar» um empréstimo da Caixa poucos meses antes da bancarrota?

E para os que defendem a privatização da Caixa não se ficarem a rir, se a Caixa tivesse sido privada quem garantiria que não lhe aconteceria o mesmo do BPN, do BPP, do BES ou do Banif?

Vá lá! Expliquem-me!

2 comentários:



  1. Se tivessem sido privados a gerir a caixa, não podemos saber em que estado estaria a caixa hoje, assim como não podemos saber como estariam o BPN, o BPP, BES ou Banif se a gestão desses bancos tivesse sido estatal.

    O que sim podemos contestar com este exemplo de gestão pública é a verdade messiânica de certa gente quando diz que a banca é demasiado importante para ser deixada na não de privados.

    Agent Provocateur

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  2. Desculpem, mas só agora é que atinei...

    São Mateus (o padroeiro dos bancos e das finanças) era publicano antes de seguir Jesus! Publicano queria dizer pecador público.
    Talqualmente como Zaqeu. Na rua, antes de se cruzarem, os fariseus davam 9 passos para o lado para não se contaminarem (olha quem).
    Seu nome de família era Levi. Família que desde o Sinai tinha o encargo de velar pelas coisas do culto. A família de Araão juntou-se-lhes mais tarde.

    Ah, Ah, Ah!!!

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