Se há coisas que estão a crescer, uma delas é a dívida pública (ver este post de ontem). A outra poderá ser a dívida privada de empresas e particulares que deixou de descer. Quanto à dívida pública directa do Estado voltou a aumentar em Abril para 230,3 mil milhões.
Qual físico medieval que insiste em sangrar o doente com anemia, o governo da geringonça insiste que do aumento do consumo nascerá o crescimento da economia. Porém, o que nasce é o fim do equilíbrio das contas externas com o superávite de quase 300 milhões da balança de comércio e serviços no 1.º trimestre de 2015 a dar lugar um défice de mais de 100 milhões no 1.º trimestre deste ano. Na verdade, o consumo aditivado pelo crédito (aumento homólogo de mais de 20% e 35% no crédito automóvel em Março) está a fazer crescer a economia dos países que exportam para Portugal. Nada novo, portanto, tem sido isso que se tem verificado nas últimas décadas.
Costa que durante quatro anos aplaudiu os protestos contra as políticas do governo «neoliberal» - pimenta no rabo dos outros é refresco, dizem os brasileiros - começou a ouvi-los em Santo Tirso a propósito dos contratos de associação com escolas particulares, continuou em Coimbra e ontem, se estivesse em S. Bento, continuaria a ouvi-los mais intensamente em frente do parlamento. Como quase todas as manifs, estas são também baseadas em equívocos e, neste caso em particular, também em défices de numeracia do ministro-adjunto de Mário Nogueira.
E por falar nos contratos de associação, que em percentagem significativa são com colégios católicos, o que parece não ser indiferente a uma gerigonça ainda infectada pela doutrina mata-frades, confronte-se essa sanha com a simpatia que a delegação local da geringonça em Lisboa nutre pelo islamismo ao ponto de lhe ir financiar uma mesquita na Mouraria
Continua a saga das sanções por incumprimento dos défices dos anos anteriores que o governo minimiza e o presidente do Eurogrupo Dijsselbloem garante que «são definitivamente possíveis». Contudo, o verdadeiro problema não são os défices do passado, em relação aos quais não é possível fazer nada, são os défices futuros em que ninguém acredita - talvez nem mesmo Centeno que se diz despreocupado. A lista dos cépticos foi acrescentada com mais a Moody's que prevê um crescimento menor de Portugal do que os outros países da Zona Euro, incluindo a Espanha - alguém deveria explicar à Moody's as virtualidade do crescimento induzido pelo aumento do consumo.
Além da dívida pública que prospera, temos a agência de empregos da geringonça. Depois da demissão da direcção do Instituto do Emprego e Formação Profissional, Vieira da Silva demitiu a direcção do Instituto da Segurança Social. Nesta área já foram criados mais de 80 empregos para dirigentes.
A agência de empregos não funciona só na área da segurança social. também na justiça a ministra anunciou que vai reabrir 20 tribunais, acrescentando, inacreditavelmente, que os encerrará se não tiveram movimento. Também anunciou que vai criar um observatório da Justiça económica chamando «gente de fora» (sic).
O governo anunciou mais uma medida sobre a igualdade de «géneros» (eles querem dizer «sexos»). Desta vez é suspender da cotação as empresas que em 2018 não tiverem na administração pelo menos 20% de mulheres (eles dizem do «género sub-representado»). Por mim iria mais longe e colocaria um mínimo de 20% de cada um dos seguintes «géneros»: mulheres, lésbicas, gays, transexuais e intersexuais. E ainda um mínimo de 50% de
Quanto ao catavento do presidente Marcelo continua a girar e segundo o comentador Marcelo o prazo de validade da geringonça terminará em Outubro do próximo ano por alturas das eleições autárquicas. No vosso lugar, não apostaria.
Talvez o facto mais notável da semana em relação aos aparelhos que compõem a geringonça, tenha sido, pela primeira vez em Portugal, um comunista encartado (Mário Nogueira da Fenprof) ter considerado «criminoso» um «sujeito» chamado José Estaline.
Termino com uma referência positiva a uma medida que poderia ser tomada, mas não foi, por um governo «neoliberal»: a criação de uma conta-corrente entre o Estado e os sujeitos passivos permitindo compensar dívidas fiscais com créditos fiscais. Aconselho a não embandeirarem em arco porque o diabo está nos detalhes e uma regulamentação socialista desta medida pode transformá-la num logro. On verra bien ce que ça donnera, diria M. de La Palice s'il n'était pas mort.
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