07/04/2016

TIRARAM-ME AS PALAVRAS DA BOCA: A esquerda do presente é a direita do passado

«A esquerda nasceu progressista e ética, preocupada com justiça social e a promoção dos desfavorecidos, mas a evolução foi degradando essas ideologias. Insensivelmente foram deixando de defender os trabalhadores, proletários e classes pobres, para ficarem crescentemente dominadas por interesses dos aparelhos públicos. Hoje, quando a maior parte das organizações já esqueceu a revolução, as luta de classes e a ditadura do proletariado, ser de esquerda significa espremer ao máximo a economia nacional para satisfazer a insaciável ânsia dos aparelhos burocráticos. Assim, o Orçamento do Estado para 2016 sacrifica o crescimento para alimentar clientelas. Que quanto mais têm, mais querem.»

«Interesses totalitários», João César das Neves no DN

«Estamos pois perante uma das mais fantásticas girândolas propagandísticas dos últimos anos: voltar ao passado é olhar para o futuro; querer prosseguir o caminho das reformas é estar preso ao passado. Como Orwell ilustrou de forma genial no seu romance distópico 1984, em política o domínio da linguagem e dos termos utilizados é fundamental para limitar os termos do debate público e castrar formas de pensamento diferentes. Ora com esta “novilíngua” orweliana da nova maioria estamos mesmo perante um caso típico de “duplopensamento”, isto é, estamos a tentar utilizar as palavras de formas totalmente opostas conforme os interesses do momento. Se em 1984 Guerra é Paz e Liberdade é Escravidão, no 2016 da geringonça Passado é Futuro e Reverter não é sinónimo de Recuar, antes de Avançar. A adopção tácita desta “novilíngua” permite mesmo que se diga, como disse o representante do PCP no final do Congresso do PSD, que os sociais-democratas foram derrotados nas eleições de 4 de Outubro, quando esses mesmo sociais-democratas venceram essas eleições e têm o maior grupo parlamentar da Assembleia (elegeram 89 deputados, quase seis vezes mais do que os 15 do PCP)

«O passado, o futuro ou bater no muro da realidade», José Manuel Fernandes no Observador

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