09/04/2016

Estado assistencialista falhado (13) - «As verdadeiras classes médias»

Fernando Medina, o sucessor de Costa na câmara de Lisboa, anunciou um «programa de renda acessível» com rendas 30% a 40% abaixo do preço de mercado. Trata-se «de uma parceria entre a CML - que cederá os terrenos ou os prédios a reabilitar e garantirá, quando necessárias, as obras de urbanização e a construção dos equipamentos colectivos, como creches e escolas - e os privados, que assumirão a construção ou a reabilitação dos edifícios, bem como a manutenção durante a concessão, que rondará, em média, os 35 anos. As rendas irão dos 250 euros por um T0 e aos 450 euros para um T2 e as habitações ficarão distribuídas por 12 freguesias.» O programa dirige-se segundo Medina «às verdadeiras classes médias», segundo ele, as famílias com um rendimento bruto anual entre os 7.500 e os 40 mil euros.

Tenho as maiores dúvidas sobre a bondade das intervenções do Estado em geral e, em particular, quando consistem em preços subsidiados e, ainda mais em particular, em programas de «habitação social» à custa dos contribuintes ou dos senhorios - recorde-se que o congelamento das rendas e a inflexibilidade contratual dos arrendamentos desde 1919 até 1985 foi a causa adequada, como dizem os juristas, para a cidade de Lisboa ter perdido um terço dos seus habitantes e o parque imobiliário se ter degradado.

Mas não vou por aí. Fico-me «nas verdadeiras classes médias» com rendimento bruto anual entre os 7500 e os 40 mil euros o que, segundo a minha estimativa baseada nos escalões de rendimento bruto em 2013 (fonte Pordata), inclui mais de um quarto das famílias que têm mais do dobro do rendimento bruto anual médio.

Sem comentários:

Enviar um comentário