10/03/2016

Exemplos do costume (39) – Tomando a nuvem por Juno

Já escrevi aqui o que penso sobre a contratação de Maria Luís Albuquerque pela Arrow Global. Não vou pois limpar-lhe a folha, nem assumir as suas dores, nem lamentar o que, sendo lamentável, era tão esperável que é mais uma forte razão para Maria Luís não ter aceitado - refiro-me à falsa indignação por parte de gente sem predicados morais e éticos, gente que atrelou o caso à sua agenda política.

Vou apenas citar o que escreveu João Vieira Pereira sobre dois aspectos da questão: (1) os salários miserabilistas dos ministros e secretários de estado – o primeiro-ministro se trabalhar 8 horas por dia ganha por hora 40 euros – que só permitem remunerar idealistas ricos (não se viu até hoje nenhum), um ou outro bem intencionado, gente incompetente ou gente que está a trabalhar para ser ex-ministro e (2) a hipocrisia de criticar um ex-ministro por ir trabalhar numa empresa que teve benefícios fiscais num país como Portugal, sendo certo que não é certo que a empresa de contratou Maria Luís tenha tido benefícios fiscais.

Escreveu João Vieira Pereira no Expresso:

«Mas para que isso seja possível também é necessário tratar com respeito quem ocupa esses cargos quando estão em funções. O que se paga a um ministro ou a um secretário de Estado é ridículo. Mas infelizmente este é um assunto tabu na política portuguesa. Infelizmente, porque uma coisa está relacionada com a outra.

Mas as alterações têm de ir mais longe. Se um ministro das Finanças ficar impedido de trabalhar com empresas que receberam benefícios fiscais então, por absurdo, é bem possível que tenha de riscar das suas opções mais de metade das empresas em Portugal. E também não poderá trabalhar para qualquer Fundação, nem dar aulas, já que as universidades recebem ajudas públicas. Muito menos trabalhar em escritórios de advogados. Se calhar resta-lhe o desemprego, a emigração ou a clandestinidade.

Este é um assunto sério que tem de ser discutido de forma frontal. De forma a criar regras claras e equilibradas que afastem quem não interessa na política e puxem quem tem mesmo capacidade para ocupar cargos políticos.
»

1 comentário:

  1. O dificel é que os implicados queiram discutir, e nós o pagantes só podemos trollar.e vozes de burro não chegam ao céu.

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