Outras avarias da geringonça.
A semana passada acabou com mais uma sessão de ilusionismo de Costa acolitado pelos partenaires: a transformação de uma autorização orçamental de ajuda à Turquia e à Grécia que tinha a oposição dos partenaires numa autorização orçamental de ajuda a países-não-mencionados-que-todos-sabemos-são-a-Turquia-e-a-Grécia que teve a abstenção do PCP e do BE.
Depois de conhecido o balanço do assalto, comandado pelo Dono Desta República, dos novos situacionistas ao aparelho de estado (1.000 em 100 dias) ficou a saber-se que o governo substitui um terço (cerca de 100) das chefias do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP).
Não é só o chefe que tem dotes de ilusionista, também os ajudantes são talentosos. Veja-se o caso do ministro da Agricultura que face às manifestações dos suinicultores e dos leiteiros (os primeiros foram impedidos de chegar até S. Bento o que se tivesse acontecido por iniciativa do governo de direita neoliberal seria alvo de ondas de indignação) disse em Bruxelas esta coisa espantosa: «interpreto também o seu protesto como uma manifestação de apoio às posições que eu estou aqui a tomar»,
Quem não se deixa hipnotizar pelo ilusionismo da geringonça são os mercados diabólicos que pela boca do Morgan Stanley vão enviando recados aos clientes: «a falta de reformas em Portugal está rapidamente a tornar-se um fator preocupante». recomenda cautela quando às «perspetivas de crescimento económico em Portugal», receia que o «investimento já esteja a cair», diz que «a inversão da austeridade ajuda o consumo» e isso pode colocar «em causa ganhos de competitividade que custaram a ganhar».
Prossegue a novela do ISP que era para descer se os combustíveis subissem mas afinal não desce,
E, por falar em novelas, citando o Impertinente, o ministro da Educação elevou o re-governo da geringonça à perfeição porque não apenas re-põe o que o governo neoliberal de direita tinha abolido, re-põe o que ele próprio não chegou a abolir (os exames nacionais). Não vou ao ponto de dizer melhor não é possível, porque a geringonça pode sempre exceder-se.
Se a novela dos exames foi uma entrada de leão e uma saída de sendeiro, não foi a única. Na mesma semana Augusto Santos Silva, o que gosta de malhar na direita, a criatura com menos jeito para ser o encarregado da diplomacia da geringonça, foi ele próprio malhado na corneta e teve que engolir o veto dos PALOP à indicação por Portugal do secretário-geral prevista nos estatutos da CPLP, Veto inspirado por Angola para cobrar a afronta por não ter sido convidada para a posse do presidente Marcelo. Presidente que, fazendo jus ao seu petit nom de Catavento, fez logo um flic-flac e pretendeu alistar as tropas angolanas no combate aos castelhanos na defesa patriótica da banca.
Mas nem tudo é desastroso. Veja-se, por exemplo, o que pensam «os 17 economistas que participaram no Índice Orçamental IPP-ISEG, conhecido como Bugdet Watch, (que) consideram que o Orçamento do Estado (OE) para este ano é o melhor desde 2010». Que o Institute of Public Policy (IPP) que é um parceiros no estudo seja este Institute of Public Policy (IPP) isso também não quer dizer nada, pois não?
Quanto à parceria doutor Costa-professor Marcelo está a funcionar muito bem. O professor Marcelo pretende fugir a todo o custo a promulgar o OE 2016 no dia 1 de Abril - por acaso até seria uma data adequada, mas isto sou eu a dizer.
Para terminar, uma referência a mais um manifesto sobre os famigerados centros de decisão nacional cavalgando a onda inspirada pelo presidente e soprada pelo chefe da geringonça, o Zé Du que nos coube, que armado em banqueiro socialista deu corda aos seus spin doctors de serviço no Expresso.
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