21/01/2016
DIÁRIO DE BORDO: Em defesa do acesso dos idiotas à expressão da sua idiotice nas redes sociais
Queixou-se Henrique Raposo no seu blogue no Expresso (post «Não dá para desligar a internet?») das ondas de indignação que varrem as redes sociais a propósito e despropósito de qualquer coisa. Por exemplo, a propósito de uma piada da candidata Marisa Matias sobre os lagartos virem a ser campeões, ou de uma piada sobre o «cancro vip» ou dos comentários atrabiliários do sobrinho do Dr. Soares sobre a candidata Maria de Belém. HR termina a queixar-se que «a turba só quer sentir … raiva e pena, ódio e comiseração, dois extremos polares que não admitem contraditório». Termina a perguntar se «não dá para “desinventar” a internet?».
Respondo: não dá para “desinventar” e ainda bem. A começar porque sem internet talvez HR não soubesse quanto é vulgar a idiotice, a continuar porque não teríamos lido o seu post, a continuar ainda porque a internet não criou os idiotas, apenas lhes deu os meios de expor a sua idiotice, o que não é mau de todo porque só é possível contrariar a idiotice conhecida.
E a acabar porque a internet nos proporciona a liberdade de expressão numa espécie de mercado onde concorrem as ideias (e as idiotices, claro) pela atenção dos consumidores de ideias e dos analistas de ideias, dos opinion dealers e toda a parafernália de intermediários sempre presentes em todos os mercados e que neste caso opinam sobre a opinião. Sem essa liberdade precisaríamos de uma comissão que decretaria a opinião oficial, a opinião oficiosa e as opiniões toleradas. Qual seria o resultado? Não precisamos imaginar, basta ver o que se passa na China, na Coreia do Norte, na Venezuela, em Cuba, na Rússia, etc.
Ir tão longe para quê. Basta ler os jornais ou ver a RTP memoria de 1973, quem não teve o privilegio de ser crescido nessa epoca.
ResponderEliminar«Em defesa do acesso dos idiotas à expressão da sua idiotice nas redes sociais»
ResponderEliminarUm grande post! A big stick to use!
«A cobardia, a traição, a irresponsabilidade, a confusão, foram as taras que presidiram ao seu parto e, com esses fundamentos, nada é possível edificar. O actual estado de coisas, em Portugal, nasce u podre nas suas raízes. Herdou todos os podres da anterior, mais a vergonha da deserção.»
Para o António Cristovão: não é preciso ir longe. Temos o (Im)pertinênvias e António José Saraiva.