Retomando os comentários ao relatório dos 12 sábios «Uma década para Portugal».
2.1 Desempenho macroeconómico
(continuação)Um dos inúmeros exemplos da abordagem dos 12 sábios à dívida pública vista como algo independente do resto é quando escrevem sobre «o sentido desfavorável da evolução do peso da dívida pública no PIB» como se esta não resultasse inexoravelmente da acumulação dos défices orçamentais, défices que para eles eufemisticamente se devem «a fatores substantivos endógenos».
Criticam, com razão mas sem autoridade moral, a insuficiente redução dos défices sem se darem conta que a soma dos défices deste governo no triénio 2012-2014 foi 14,4% (5,5%+4,9%+4,0%), ou seja metade de 28,4% (9,8%+11,2%+7,4%) do governo anterior no triénio 2009-2011. Distraidamente, lá reconhecem que parte do aumento do défice se deveu «ao alargamento do perímetro das administrações públicas (pela incorporação de empresas públicas)».
Contradizem-se constantemente ao vilipendiarem a austeridade ao mesmo tempo que criticam que a despesa não se reduziu o suficiente sem reconhecerem que, em todo o caso, foi revertida a tendência crescente, como se vê no diagrama.
Fonte: Pordata |
2.3 Os factores de crescimento
No que respeita ao ensino apontam o aumento do abandono e retenção no ensino básico sem perceberem que a única coisa que pode ter mudado em apenas 2 ou 3 anos foi o grau de facilitismo.
[O último parágrafo da página 17 em que se compara o ensino secundário em Portugal com a OCDE é completamente incompreensível.]
Uma vez mais, encontramos a exaltação da obra socrática, lamentando:
- O fim da distribuição de diplomas nas «Novas Oportunidades» a que chamam a «aposta no investimento no reforço do capital humano»;
- A redução do «investimento em I&D», que como se sabe em muitos casos era pura fantasia (ver, entre outros, o post «A fábula do surto inventivo que nos assola (2)»
(Continua)
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