Já aqui desmistifiquei este mito, o qual, como todas as mentiras, para alcançar profundidade tem de trazer à mistura alguma coisa de verdade, disse e bem o poeta Aleixo. E aqui a mentira com alguma coisa de verdade são as razões de sobra que Portugal, Irlanda e Espanha têm contra a «discriminação positiva» (tive de conter um vómito para escrever esta expressão) de que a Grécia tem beneficiado com um haircut de mais de 100 mil milhões de euros e taxas de juros inferiores às dos outros PIGS.
Razões que, contudo, o trio se tem abstido de vocalizar. Mas não são apenas aqueles três que têm razões contra a «discriminação positiva». Todos os países mais pobres do que a Grécia têm razões para apontar o dedo às chantagens do governo Syriza-Anel, tais como Bulgária, Chipre, Croácia, Eslováquia, Estónia, Hungria, Letónia, Lituânia, Polónia, República Checa e Roménia.
O governo grego deveria ler o artigo do Politico «Berlin isn’t the only roadblock for Greece»: «The prospect of providing more funding for Greece and deferring to its demand for a reduction of its outstanding debt — a crushing 180 percent of GDP — is an especially sore point in eurozone countries that have gone through deep recessions of their own and struggled back to economic health, often by taking the same austerity medicine so fiercely resisted by the Greeks.»
E, sobretudo, deveria o governo grego adoptar o conselho: «To get a deal, Athens must make its case not to Paris and Berlin, but also to Riga, Tallinn, Dublin and other capitals».
Actualização:
Eslovénia, Estónia, Irlanda e Portugal, «vacilantes» segundo o Guardian (um jornal com inclinação socialista).
As posições dos países da Eurozona segundo o Royal Bank of Scotland (apud Insurgente).
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