Com algum esforço e sabendo da dificuldade dos tugas em geral, das luminárias em particular e dos jornalistas de causas ainda mais em particular, de lidar com números – consequência da maldição da tabuada (ver a etiqueta a tabuada faz muita falta), consigo entender que essa gente se queixe dos fracos salários e das muitas horas de trabalho em Portugal a pretexto de se mostrar solidária com o povo, e não lhe passe pela cabeça relacionar isso com a nona mais baixa produtividade por hora de trabalho representando pouco mais de metade da produtividade média da UE.
Lembrei-me disto ao ver pela minha janela esta manhã as obras no prédio em frente onde uns quantos representantes da classe operária deste país, em tronco nu e com bonés de pala para trás, se entretinham a ouvir rádio, conversar alegremente, contar anedotas, enquanto displicentemente passeavam pelas paredes o jacto de água sob pressão com a mesma proficiência de garotas de salto alto lavando as suas queridas bagnoles nas estações self-service (pronto, eu sei, sou um porco machista!), ou dividindo as suas atenções e mãos pela brocha ou o rolo e o cigarrito. De onde me ocorreu que se puséssemos as luminárias e os jornalistas de causas a trabalhar no bâtiment talvez eles percebessem.
A baixa produtividade realmente está na trolhice, mas não porque são malandros, mas porque a trolhice foi financiada pelo estado, que influenciou e desviou a estrutura do tecido produtivo de atividades em que o valor acrescentado é maior.
ResponderEliminarPorque é que ouvimos pessoas a dizer, para que é que vou estudar se um licenciado ganha tanto como um não licenciado?
1º Porque os recursos da população através do saque de impostos, desviou o investimento para a trolhice.
2º Este desvio resultou num abandono de industrias de bens e serviços em que o valor acrescentado é superior.
A produtividade do país não deve ser vista pela malandrice, mas sim pelo valor acrescentado das profissões.
Também acho que os jornalistas e a população em geral estão mal informados sobre o que é a produtividade.
O valor acrescentado de produzir sapatos é diferente do valor acrescentado de produzir Mercedes, submarinos, electrónica, software....
Gostava que isto fosse dito.
Caro Vasco,
ResponderEliminarNão escrevi que os trolhas são malandros, apesar de serem - afinal partilham da cultura tuga, e estão imersos nos valores, nas crenças e nas atitudes segregadas durante séculos que fizeram de nós o que somos hoje.
Contudo, o propósito do meu post não é evidenciar a malandrice dos trolhas mas antes evidenciar a incompetência, com muito pré-conceito à mistura, de luminárias e jornalistas de causas que atribuem a nossa miséria ao infortúnio (ou aos alemães) e imaginam que se os nossos salários fossem 2,5 vezes maiores teríamos a produtividade dos alemães.
Embora a ignorância sobre a produtividade seja generalizada, o mais grave não é essa ignorância que poderia superar-se com relativa facilidade. O mais grave é a incapacidade de perceber a relação causal entre produtividade e salários.