«Vendemos 21% do PIB desde 2008. E o que ganhámos?» pergunta a jornalista do i num artigo em que cita livro «Portugal à Venda» de Ana Suspiro. A pergunta pressupõe que a venda teve o propósito de ganhar alguma coisa e a jornalista responde: «desde 2008, empresários e governos portugueses venderam 37 mil milhões de euros em activos. A bolsa desapareceu, as empresas desvaneceram-se e agora... pouco ou nada sobra».
A pergunta certa seria porque tivemos de vender? Esta é uma pergunta a que têm sido dadas respostas variando entre a ignorância e a estupidez, por um lado, e a desonestidade, por outro. Que foi por causa da crise, das agências de rating, do chumbo do PEC IV, da Alemanha ou, nos casos mais delirantes, que foi o governo neoliberal para desmantelar o sector público. As respostas fundamentadas e honestas são respostas inconvenientes que pouca gente está interessada em dar porque põe em causa 4 décadas de políticas públicas, 4 décadas de governação, 4 décadas de escolhas feitas pelos eleitores, 4 décadas de negócios de empresários portugueses, 4 décadas de consumo dos portugueses, etc.
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