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Segundo esta notícia do Expresso foram atribuídas pelo Conselho Europeu de Investigação (ERC na sigla em inglês) 2 bolsas avançadas de 2,5 milhões de euros a investigadores portugueses a acrescentar a 15 outras relativas a 2014. Segundo a prosa apologética do MEC isso «revela a crescente qualidade e internacionalização dos nossos cientistas e representa um investimento de mais de 31 milhões de euros».
Peço licença para discordar. Por benignidade, vamos admitir a bondade dos critérios de atribuição de bolsas por parte do ERC, o que não é pouco, porque esses critérios avaliados à luz dos resultados da investigação na Óropa (ver o quadro neste post) estão longe de serem indiscutíveis.
Ainda assim, com essa bondade, a dúzia e meia de bolsas atribuídas desde 2014 representam o quê num universo de quase 10 mil «investigadores» ou seja mais de 50% da média europeia em relação à população? Zero vírgula dois por cento, o que torna ridícula qualquer exaltação a este respeito.
Quando leio tais exaltações, lembro-me dos sketchs «Portugueses extraordinários (passe o pleonasmo)» da série «Melhor que falecer» em que Ricardo Araújo Pereira ridiculariza esta mania de glorificar os feitos dos patrícios - por exemplo uma entrevista a um famoso cozinheiro português que cozinhava para o secretário do adjunto de um realizador famoso. Ou lembro-me daquelas ridicularias dos jornais que escrevem «o Real Madrid de Cristiano Ronaldo» ou «o Chelsea de Mourinho».
Na minha juventude fui colocado no Laboratório da Junta de Energia Nuclear, em Sacavém. Por empenho de Amigo de meu Pai (que tinha morrido sem deixar fortuna).
ResponderEliminarTinha tido experiência estudantil do que aquilo era. Fiquei satisfeito porque me era prometido fazer Investigação. O ordenado era muito bom, para sustentar Mãe e irmã.
Investigação... batatas. Os Chefes não a faziam e não deixavam os novos fazerem-na para que não se notasse. Deram-me um trabalho sobre Radiobiologia Tropical — um mundo. Fui compilando e escrevendo umas folhas (não havia computadores) que, cedo me apercebi, não eram lidas por ninguém.
Estive por lá 2,5 anos. No fim do ano informei o Director (homem de grande nível), que não iria renovar o contracto. Ele aceitou.
Assim era a Investigação neste País e, pelo que sei, continua na mesma.
Mesmo assim toda a gente quer ser doutor ou mestre (sem ser de obras).
Já não há Dietistas; há nutricionistas. Já não há Criadas de Copa, nem Auxiliares de Acção Médica; há Assistentes Operacionais — profissão também aplicável a Prostitutas.
Já não há Médicos; há especialistas que nada sabem de Medicina.
Cientistas em Portugal! Não me façam cócegas que já me urino a rir.
Abraço do eao