Outras dúvidas semelhantes: aqui, ali, acolá e acoli.
«Foi com apreensão que comecei a ler a entrevista ao DN do novo administrador da RTP para os "conteúdos", que declara a televisão pública "irrelevante há muito tempo". Por instantes, cheguei a pensar que o Sr. Nuno Artur Silva fosse outro portador de uma visão "economicista" do mundo, esse vírus malévolo que faz depender o sucesso do lucro e o dinheiro que se gasta do dinheiro que se tem. Ou um daqueles cínicos que, fundamentados em simples factos, acham que a RTP não se distingue da concorrência excepto pelo meio de financiamento. Felizmente, nada estava tão longe da verdade.
Ao longo da entrevista, percebe-se que a irrelevância decretada pelo Sr. Nuno Artur Silva diz respeito à falta de investimento da RTP no "audiovisual português", no "cinema português" e na "produção de ficção". Não só é um alívio como calha bem. Em primeiro lugar, porque o Sr. Nuno Artur Silva vem de fundar e dirigir uma empresa especializada nos ramos acima - embora a ética decerto impeça confusões. Em segundo lugar, porque se há coisa que pode distinguir qualquer estação televisiva são as fitas e fitinhas nacionais: mais nenhum canal na Terra as transmite.
Terminei a entrevista em êxtase. Além de garantir a continuidade de O Preço Certo, o Sr. Nuno Artur Silva promete que "muita coisa vai mudar" na RTP. Até ver, mudaram os salários dos administradores. Adivinhem em que sentido.»
«O preço certo», Alberto Gonçalves no DN
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