Já por diversas vezes [(1), (2) e (3)] fiz apreciações negativas de Ricardo Costa, apesar de o considerar um dos melhores jornalistas no mercado das causas, e pelo menos uma vez fiz aqui uma apreciação positiva. Agora é a segunda apreciação positiva, embora ensombrada pelas confusões que (ainda?) contaminam as suas sinapses, como se pode constatar no seguinte excerto do seu editorial do Expresso de sábado passado.
«Onde está então a economia próspera, libertada do Estado e dos seus subsídios, criadora de emprego e inovadora? Está seguramente em todo o sector exportador, obrigado a virar-se, e num ou noutro sector que vive em ambientes altamente concorrenciais e nunca pôde contar com a mão do Governo por baixo. De resto, não se encontra em quase lado nenhum.
Mas se isto é um drama para o Governo - bem visível na dificuldade de reacção aos recentes números do desemprego - é um drama maior para o Partido Socialista. Porque o país que quer governar é o mesmo, com iguais desequilíbrios e falhas estruturais. Mas sem um programa que se conheça, uma ideia de fundo a que os eleitores se possam agarrar sem ser porque sim.»
Se não fora o «não se encontra em quase lado nenhum» desacompanhado de uma explicação como, por exemplo, «precisamente por falta de concorrência e excesso de mão por baixo no sector dos bens não transaccionáveis» e se não fora também o não ter percebido que os «recentes números do desemprego» foram muito provavelmente condicionados pelo aumento do salário mínimo, se não fora tudo isto, atribuir-lhe-ia cinco afonsos por se ter disposto, mas uma vez, a contrariar a doutrina Somoza. Assim, leva quatro afonsos e um chateaubriand.
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