Já aqui escrevi sobre a YDreams liderada por António Câmara, empreendedor do ano em 2009 e um dos darlings empresariais do jornalismo de causas económicas. Nessa altura a Ynvisible, a nova empresa do grupo YDreams,
acabada de entrar na bolsa de Frankfurt, estava a perder
metade do seu valor numa semana.
Voltei a escrever quando já estavam por pagar subsídios de férias e salários e tinha começado a debandada do pessoal. Volto agora a fazê-lo quando, segundo o Expresso, a YDreams está afundada em dívidas de 18 milhões de euros e pediu um plano de revitalização especial. O seu promotor António Câmara, até recentemente louvaminhado pelos pastorinhos da economia dos amanhãs que cantam, aparece agora relegado para os «baixos» dos «altos e baixos».
É mais um caso em que em vez do venture capitalist se constitui uma coligação constituída pelo governo de serviço, a banca do regime com a Caixa à cabeça, tudo cozinhado pelos lóbis partidários e devidamente promovido pelo jornalismo de causas, que leva ao colo as empresas. Se tem sucesso, o empreendedor vende a empresa em poucos anos, vai viver dos rendimentos e passa a ser convidado para todos os fóruns sobre empreendedorismo e inovação onde é apresentado como um veterano a quem se pede conselho. Se não tem sucesso, é o calvário do costume: antes da débâcle tenta extrair uns dinheiros para os dias maus e, claro, deixa de ser convidado seja para o que for e o jornalismo de causas económicas tenta esquecer o caso e passa para o seguinte.
A YDreams é mais uma das fatalidades nas empresas de sucesso do regime atingida pela maldição do jornalismo promocional. Aqui fica o alerta aos candidatos a empresários do regime para se cuidaram assim que começam a ser falados pelos jornalistas profissionais da promoção, como o famoso Nicolau Santos.
Na fase de zombi em que entrou, a YDreams arrisca-se a ser atingida pelo efeito Lockheed TriStar e transformar-se numa pequena Qimonda que o Expresso (sempre ele) também promoveu em tempos e agora coloca à cabeça da lista dos «campeões dos incentivos» com 123 milhões recebidos de vários programas.
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