Recordando: antes de nos felicitarmos pelo «funcionamento das instituições» que colocou um fim (provisório?) ao reinado do Dr. Ricardo Salgado, o Dono Disto Tudo, convirá reflectirmos um pouco sobre as verdadeiras causas da queda da casa dos Espíritos.
Como agora se torna cada vez mais claro, as «instituições» funcionaram mal e tardiamente. Os administradores não executivos «independentes» do BES entravam mudos e saíram calados, a comissão de auditoria vivia em paz e harmonia com a comissão executiva, o ROC e auditor KPMG assobiava para o lado e sacudia a água do capote «alertando» os seus estados de alma (*), o BdeP empurrava com a barriga para frente tentando gerir as pressões do DDT, o governo lavava as mãos, porque quem tinha de lidar com o assunto era (de facto) o supervisor.
A acrescentar tudo o que já se sabia que funcionou mal, tivemos a confirmação esta semana pela boca do seu presidente José Alves na audição na comissão parlamentar de inquérito que a PwC cessou unilateralmente em 2002 a auditoria do BES por razões na altura não publicamente não reveladas mas que foram comunicadas ao Banco de Portugal e à CMVM. Razões que incluíam, entre outras irregularidades, o financiamento de offshores, as entidades que foram do perímetro de consolidação do grupo, a opacidade da ES International, o financiamento encapotado do BES a não residentes para a aquisição de acções do próprio banco, da PT e da PTM.
Adivinhe quem era o governador do BdP em 2002. Vítor Constâncio, o ministro anexo, o mesmo que fez a famosa «declaração Mississipi» no discurso de tomada de posse em 2000, assobiou para o lado no BPN, o mesmo que estimou para o governo de José Sócrates défices vindos do governo de Santana Lopes com uma precisão de centésimas de um ponto percentual. Quem mais haveria de ser?
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