29/01/2015

CAMINHO PARA A INSOLVÊNCIA: De como o melhor que pode acontecer ao paraíso prometido aos gregos pelo Syriza é ser um purgatório (II)

Como que a confirmar estar a sua governação à altura dos seus ímpetos revolucionários, a coligação extrema esquerda-extrema direita anunciou que não vai prosseguir a privatização prevista do programa de ajustamento das empresas de energia PPC e da administração do porto do Pireu, ao mesmo tempo que aumenta o salário mínimo de 586 euros para 751 euros. Tudo por junto, irá ter de inchar a administração pública com mais umas dezenas de milhares de funcionários públicos para compensar o desemprego que resultará de um aumento de quase 30% do salário mínimo sem contrapartida de aumento de produtividade.

Também sem surpresa, o governo de Tsipras condenou o comunicado do CE que responsabiliza a Rússia pelo agravamento do conflito na Ucrânia – les bons esprits se rencontrent.

Entretanto, nem todas são más notícias. Yanis Varoufakis, o professor marxista nomeado ministro das Finanças, pode não ser completamente tonto. Em 2012 escreveu no seu blogue a respeito do manifesto do Syriza: «It is not worth the paper it is written on. While replete with good intentions, it is hort (?) on detail, full of promises that cannot, and will not be fulfilled (the greatest one is that austerity will be cancelled), a hotchpotch of policies that are neither here nor there. Just ignore it.» (via Insurgente)

Embora as reacções à reportagem em Atenas de José Rodrigues dos Santos, onde chama as vacas sagradas pelos nomes, possam levar a crer que por cá toda a gente está possuída pela visão de uma Óropa em reconstrução pelos demiurgos do Syriza, olhando mais de perto não é toda a gente - é só a gente que monopoliza a central de manipulação. O Expresso a uma peça ilustrada com uma foto dos 10 salvíficos ministros começou por baptizá-la num notável lapso freudiano «Os rostos do "conto de fadas"», como revela o link do artigo («http://expresso.sapo.pt/os-rostos-do-conto-de-fadas»). Seria um título bem mais adequado, mas, possivelmente descoberto o lapso pelo comité Syriza do Expresso, acabou a botar-lhe o título «Os rostos do "conto de crianças"», adoptando a fórmula menos conseguida de Passos Coelho.

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