26/10/2014

SERVIÇO PÚBLICO: Um albergue de clientelas e interesses

«É sintomático que os três partidos que têm governado Portugal desde o 25 de Abril tenham a mesma dificuldade quando se trata de reformar o Estado. A razão é muito simples: este Estado foi construído por eles e reflete aquilo que têm de comum, a mesma visão de um Estado paternalista, de um Estado patrão, de um Estado burocrático, de um Estado que alberga, no sentido literal da palavra, as clientelas e os interesses das respetivas bases de apoio.

É por isso que a reforma do Estado se resume ao mesmo de sempre: uma interminável discussão sobre cortes, uma insustentável balbúrdia institucional, uma vergonhosa querela entre lóbis e interesses instalados. É por tudo isso que chegaremos a 2015 na estaca zero, ou seja, com a mesma despesa corrente que tínhamos em 2010. Longe vão os tempos em que Pedro Passos Coelho, injustamente acusado de liberal, defendia que a despesa deveria situar-se nos 42 por cento do PIB. Se o tivesse conseguido teria libertado quase 4 mil milhões de euros para a economia e, com isso, teria resolvido alguns dos problemas que temos.»

«A Reforma Impossível», Luís Marques, no Expresso

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