Há dois meses Vítor Bento, José Honório e João Moreira Rato foram convidados e aceitaram liderar a recuperação do Banco Novo e em 30 de Julho a «equipa de gestão (comunicou que) já iniciou a preparação de um Plano Estratégico de Restruturação do Banco visando a sua adequação à nova realidade do negócio bancário, nomeadamente em Portugal».
Em 13 de Setembro a equipa de gestão demite-se «porque as circunstâncias alteraram profundamente a natureza do desafio». As circunstâncias alteradas foram a mudança de planos do governo para vender rapidamente o Novo Banco em alternativa à sua recuperação e venda a médio prazo.
Como se sabe, quem pretenda vender bem, depressa e caro, das três deve escolher duas. Como já está escolhida uma (depressa), o Fundo de Resolução só poderá vender mal (isto é a compradores de ocasião) ou barato.
Por isso, das duas, uma: (1) o governo precipitou-se e não sabe o que anda a fazer ou (2) o governo está a ser pressionado pelos bancos que financiam o bailout (ou, mais exactamente, que pagam os juros do empréstimo) de um banco concorrente que seria recuperado com o dinheiro por eles emprestado (ou dado se a venda for por menos de 2,9 mil milhões). Recorde-se que na semana passada Fernando Ulrich em entrevista ao Expresso defendia com a sua franqueza habitual a venda urgente do Novo Banco.
Fica assim patente um conflito de interesses no conceito do Fundo de Resolução. Conflito que é grave quando o Fundo se aplica não ao sistema bancário europeu, em que mesmo um banco grande representa apenas pequena fracção, mas a um banco que representa 1/3 do sistema. Back to basics - restam - restariam, porque agora é tarde, as soluções clássicas: ou os contribuintes pagam a totalidade da liquidação do banco ou em alternativa pagam, por ordem, os seus accionistas, os credores juniores, os credores seniores e os depositantes (em excesso de 100 mil euros). Valerá a pena perguntar qual a solução defendida pelo (Im)pertinências?
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