17/05/2014

SERVIÇO PÚBLICO: Da próxima vez também não vai ser diferente

[Uma espécie de continuação de «Too big to fail» - another financial volcanic eruption in the making (1) e (2)]

Mesmo que não se confira uma autoridade especial a Nouriel Roubini pelo facto de ter sido dos pouquíssimos a antecipar que a crise subprime de 2006 nos EU iria desencadear uma crise financeira mundial que rebentou em 2008 e ainda hoje por aí andam os seus efeitos, convém, por isso mesmo, dar-lhe alguma atenção quando alerta em entrevista à Fox Business que poderemos estar no início de uma nova bolha de crédito.

Essa bolha de crédito está a ser gerada pelo Quantitative Easing da Fed e por taxas de juro próximo de zero que incentivam os investidores a procurarem aumentar os yields em aplicações de risco mais alto e a recorrer a novos instrumentos de garantia como as «PIK toggle notes». Recordemos os instrumentos prodigiosos gerados nos crânios da banca de investimento como os CDS, CDO e toda a restante parafernália que alavancaram o crédito até à estratosfera antes de desabar.

Não se espera que a bolha esteja prestes a rebentar, pode levar anos, mas estão criadas as condições para tão cedo a economia recomece a crescer, um novo surto de «exuberância irracional» e uma abundância de «dinheiro estúpido» conduza a coisas estúpidas.

É a consequência, como já aqui escrevi, da intervenção militante dos governos, resgatando indiscriminadamente bancos, anestesiando a percepção do risco com garantias elevadas de depósitos e injectando artificialmente liquidez com a impressora do Quantitative Easing, terapêuticas para debelar uma crise que criam as condições para gerar a próxima.

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