11/04/2014

SERVIÇO PÚBLICO: O milagre do défice tarifário faz toda a gente feliz? (7)

É preciso reconhecer que se não fossem os ódios de estimação do Eng. Mira Amaral o desastre das políticas energéticas do Eng. José Sócrates seria ainda menos conhecido do que é. Fui repescar, uma vez mais, um dos seus artigos vitriólicos de onde respigo alguns trechos esclarecedores para a compreensão da formação dos preços da electricidade e da génese do infame défice tarifário que segundo algumas estimativas poderá atingir 8 mil milhões em 2020 ou 1.400 euros em média por alojamento.

«Sempre que escrevo sobre energia, o lóbi eólico, a EDP e ajudantes multiplicam-se imediatamente em artigos e entrevistas! Agora disseram que o preço das eólicas era €70/Mwh, mas a ERSE diz-nos que era em 2013 de €102/Mwh! Também escamoteiam sempre a intermitência do vento que leva a que as novas centrais tenham que ter sempre duas muletas, a bombagem de noite e as térmicas de reserva de dia. Obviamente que tais muletas têm de ser imputadas às eólicas e por isso temos que somar ao seu preço nominal os €62/Mwh calculados no IST pelo prof. Clemente Nunes e chegamos aos €164/Mwh!

As novas barragens não vão produzir energia, vão apenas servir de muleta às eólicas para acumular o excesso de produção da noite! E a CIP veio agora chamar a atenção para os investimentos de 150 milhões de euros, pagos por nós, que têm que ser feitos na rede de transporte para a ligação de tais barragens à rede! Segundo a ERSE, em 2013, Portugal consumiu a mesma eletricidade que em 2006, enquanto que nesse ano os famosos Custos de Interesse Económico Geral (CIEG) eram apenas de 500 milhões de euros e em 2013 foram de 2500 milhões de euros! Eis o monstro elétrico em todo o seu esplendor! Contra factos não há argumentos!

Também recentemente Mexia, para desviar as atenções sobre o alto preço da eletricidade, veio dizer que o mais importante não é o preço mas sim a segurança de abastecimento, problema que não se põe em Portugal pois temos excesso de capacidade instalada e temos excelentes interligações com Espanha. Portugal é o campeão mundial da potência eólica instalada por unidade do PIB e o terceiro em termos de eólica por habitante!»

«As eólicas e a biomassa», Luís Mira Amaral no Expresso

Para uma revisão da matéria dada ver etiqueta «défice tarifário».

1 comentário:

  1. Neste assunto existem dois lados que acham que têm razão ouvir o Mira Amaral é ouvir apenas um dos lados. As eólicas são um caso de sucesso apesar dos custos iniciais, mas que, como qualquer investimento ser irão desvanecer no tempo. Depois, o problema do Mira Amaral é que representa o lobby nuclear, e não apenas uma visão independente da coisa. Com ele estão outras rendas à espera de serem adjudicadas, estas sem apoio da UE, portanto 100% contribuinte.
    Muitas das vezes quando se fala nas rendas e nas eólicas omite-se alguns factos, porque se persupõe que foi um favorecimento destes em detrimento de outros. Falham sempre em referir a directiva Europeia 2020 e como estes incentivos eram necessários à sua implementação, o que acontece depois onde está envolvida a EDP, bom, já não é novo em Portugal pois não?

    Embora não seja totalmente independente, aqui está mais uma visão:

    https://www.youtube.com/watch?v=Klwva6ugep0

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