27/01/2014

DIÁRIO DE BORDO: Lugar-comum

Novo termo a adicionar ao Glossário das Impertinências (a mando do Pertinente):

Lugar-comum


Um lugar procurado com afinco por legiões de criaturas de esquerda, de direita e de centro que para o ocupar se apresentam disponíveis (as criaturas mais desesperadas), se declaram em reflexão (os mais receosos), recusam, salvo se a salvação da pátria os reclamar (os a fazerem-se difíceis) ou esperam uma vaga de fundo (uma dúzia de jornalistas de causas aderentes à sua causa).

Exemplo mais notório de lugar-comum: o lugar no palácio de Belém, para o qual, a anos de distância das próximas eleições, se encontram proto candidatos empurrando-se uns aos outros na fila de espera para ter a bênção de um promotor - por exemplo o Dr. Soares, o promotor mais prolixo. Nalguns casos, os putativos candidatos são empurrados pelo putativo promotor.

E, ainda tomando como exemplo o poiso em Belém, porquê a atracção? Como a pergunta já está respondida, vou citar a resposta de há uma década.

Uma teoria conspirativa: é mais barato e mais agradável ser presidente da República do que líder da oposição, que implica suportar a travessia do deserto do poder, aguentar uma cambada de potenciais traidores escondendo as navalhas da traição nas calças da pouca-vergonha e suportar uma infinita corja de medíocres ansiando por uma sinecura, tudo isto apenas mitigado pelo séquito de seguidores incondicionais, que vai minguando, na medida em que mingua a esperança do governo de serviço cair.

Mais importante do que perceber o porquê daquelas almas se sentirem atraídas pela presidência, quais borboletas pelo candeeiro, é perceber as causas da popularidade da coisa. Porquê a populaça venera tal comportamento, que outras populaças doutras paragens achariam irresponsável e oportunista?

Deve haver algo nas profundezas da alma lusitana que o explica. Algo que leva os portugueses a criarem mecanismos sociais e políticos para entropicar a sua vida. O Impertinente acredita que a coisa remonta à ocupação da Lusitânia pelo império, se não antes – não é verdade que um governador romano escreveu ao imperador, lamentando-se, resignado, que os povos indígenas não ser governavam nem se deixavam governar?

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