«Milhões e milhões de euros depois, a que há que juntar os milhares de técnicos, funcionários, edifícios, infra-estruturas, estudos, teses, investigações, políticas, programas e reformas vêm dizer-nos que a culpa dos maus resultados escolares é do contexto socio-económico?
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Esta espécie de fatalismo social isenta todos os protagonistas de responsabilidades e sobretudo leva a que automaticamente se baixem as expectativas em relação aos alunos provenientes de meios menos favorecidos. E isso é mais do que meio caminho andado para o insucesso desses alunos pois como a maioria de nós tem uma inteligência mediana e a vida das famílias, como se percebe à evidência lendo os jornais das últimas semanas, tem momentos patetas e patéticos em todos os níveis sociais e culturais, aquilo que somos depende muito das expectativas e da exigência que a escola e a sociedade têm para connosco. Ora o que este "sociolês" do contexto veio instituir é que os filhos dos pobres e dos menos cultos estão condenados a ser maus alunos logo em nome da igualdade de oportunidades há que nivelar por baixo, exigir menos deles, tolerar-lhes o mau comportamento porque vivem no sítio A ou B, mantê-los acantonados nas escolas da aérea de residência e se possível evitar que os rankings sejam divulgados para que não se perceba a dimensão do desastre a que a desautorização dos professores e a pedagogia transformada numa secção dos activismos ideológicos conduziu o ensino.»
Excerto de O “sociolês", Helena Matos no Económico
Muito bem.
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