«Portugal iniciou [após a adesão à CEE] uma era de grande desenvolvimento humano e material. Os portugueses convenceram-se, facilmente, que finalmente pertenciam ao primeiro mundo, como então se dizia. O crédito fluiu fácil, o nível de vida dos portugueses aumentou incomparavelmente, muitos habituaram-se a ter casa própria, automóvel e a viajar no estrangeiro.
A verdade é que os portugueses foram empurrados para se tornar consumistas e habituaram-se a viver acima das suas possibilidades.
Estamos a viver em Portugal um momento particularmente difícil quando responsáveis do Banco Central Europeu, da Comissão Europeia e do FMI estão a negociar com o Governo Português (demissionário) um empréstimo (...). Curiosamente, os representantes do FMI, que foi tão diabolizado, parecem ser os mais compreensivos porque, para além do equilíbrio do défice, público e privado e do endividamento, querem investir, para que Portugal cresça economicamente, possa reduzir o desemprego e manter o Estado Social para que se evite a recessão, em que está a entrar.
Conseguido esse acordo - que incontestavelmente será duro - a situação portuguesa fica estabilizada, mas não resolvida. (…) É aqui que se impõe a necessidade crucial que os portugueses se unam - ao redor das grandes reformas necessárias para assegurar um futuro melhor para todos e que os Partidos e os Parceiros Sociais se entendam e dialoguem, independentemente das divergências ideológicas que os separam. Tendo em conta que acima dos interesses partidários e sectoriais se deve pôr sempre o interesse nacional.»
Passagens do discurso de Mário Soares no Palácio de Belém no dia 25 de Abril de 2011 citadas por David Dinis no jornal SOL.
O Soares que fez esse discurso é o mesmo Soares da conferência «Em defesa da Constituição, da Democracia e do Estado Social» e dos incitamentos reviralhistas diários nos últimos meses? Não sei. Sei apenas que no dia 25 de Abril de 2011 ainda estava em exercício o governo de José Sócrates que pedira a demissão em 23 de Março, as eleições legislativas só teriam lugar em 5 de Junho e Soares jogava tudo numa vitória socialista ainda que sem maioria.
Muito bem visto.
ResponderEliminarE o paizinho (nome usado na Rússia) ainda não tinha tido a encefalite. E como é ateu, eu escrevo "graças a Deus" que ainda não adoecera.
ResponderEliminareao