Jean-Marc Ayrault, o primeiro-ministro socialista francês, defende um salário mínimo europeu para evitar as «distorções da concorrência». Dito de outra maneira, Ayrault como qualquer socialista, sobretudo do género francês, prefere as distorções administrativas da fixação de um salário mínimo por um órgão europeu em Bruxelas.
Se ficasse por aqui, au niveau des grandes idées, d’après Pertinente, entraria no clube exclusivo das pessoas inteligentes. Dada a minha aversão a ser sócio de clubes que me aceitem como sócio, vou acrescentar algumas coisas.
Imaginemos que franceses e alemães se poriam de acordo para ditar à burocracia bruxelense um salário mínimo e é nisso que Ayrault aposta (ver síntese da sua entrevista no Figaro). Primeiro problema, a Alemanha não tem (ainda) um salário mínimo nacional. Segundo problema, com os salários mínimos variando na proporção de 1 para 11,5, qual deveria ser o salário mínimo europeu?
Terceiro problema, se fosse a média, os trabalhadores franceses incendiariam Paris, os belgas Bruxelas, os holandeses Amsterdão, etc., para evitar a redução do salário mínimo para metade, e, pelo lado de uma dezena de países com salários mínimos inferiores a metade dos franceses ou muito menos, os seus trabalhadores fariam festas durante algum tempo até que as consequências de uma inflação devastadora e de défices esmagadores das contas externas os deixassem próximo da inanição.
Para concluir com uma entrada no clube das pessoas mesquinhas, direi que Jean-Marc Ayrault ou é totalmente lunático, caso seja honesto, ou, não o sendo, é totalmente maquiavélico, esperando talvez eliminar a concorrência dos países da UE com produtividade mais baixa, por exemplo: Bulgária 5, Eslováquia 12,9, Estónia 11,1, Hungria 11,4, República Checa 13,3, Portugal 17,0 (valores em euros por hora de trabalho; média EU27 32,1, Alemanha 42,6, França 45,4). (Fonte: Eurostat, «Labour productivity per hour worked»)
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